sexta-feira, 4 de junho de 2010

Historico dos Felideos



O primeiro felídeo surgiu no Oligoceno, há maisde 30 milhões de anos (O’BRIEN, 1997). Porém, adispersão das linhagens modernas de felídeos só ocorreuhá cerca de dez milhões de anos, e a colonização daAmérica do Sul somente após a formação do istmo doPanamá, há cerca de três a quatro milhões de anos,permitindo a migração de populações provenientes daAmérica do Norte (v. INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003).Atualmente a família Felidae está dividida em duassubfamílias (Felinae e Pantherinae), e conta com 14gêneros e 40 espécies (WOZENCRAFT, 2005). Amaioria de seus representantes tem hábitos noturnos,são solitários e necessitam de grandes áreas, vivendoassim em baixas densidades. Possuem corpo flexível,musculoso e alongado, além de membros robustos efortes. São digitígrados e as patas providas de garrasfortes, afiadas e retráteis (exceto para o guepardoAcinonyx jubatus) que auxiliam na captura e contençãode suas presas. A família Felidae está entre as maisespecializadas à carnivoria: possuem caninos fortes edentes carniceiros bem desenvolvidos e especializadospara cortar, enquanto os outros dentes são reduzidosou completamente suprimidos; e a superfície dorsal dalíngua é coberta por papilas que dão um aspecto de lixa,ajudando a raspar a carne dos ossos e no processo deauto-limpeza (OLIVEIRA, 1994; EMMONS &FEER,1997; ADANIA et al., 1998; EISENBERG &REDFORD, 1999; FELDHAMER et al, 1999; NOWAK,1999; OLIVEIRA & CASSARO, 2005).As oito espécies de felídeos que ocorrem no Brasilpossuem a seguinte formula dentária: i 3/3; c 1/1; pm3/2; m 1/1 = 30.Os felídeos neotropicais geralmente caçamsecretamente e capturam sua presa com um longo saltoou uma corrida curta de grande velocidade, sendo queas espécies maiores – onça-pintada (Panthera onca) e onçaparda(Puma concolor) – matam suas presas por asfixia oucom uma mordida na nuca provocando o esmagamentodas vértebras (LEITE-PITMAN et al., 2002).Segundo OLIVEIRA & CASSARO (2005), asespécies neotropicais são divididas em três linhagens:maracajá, puma e pantera. As relações filogenéticas entreos taxa que compõe a linhagem dos maracajás (jaguatiricae pequenos felinos, exceto jaguarundi) ainda não sãoclaras, pois o arranjo sofre algumas modificaçõesdependendo do método utilizado para estimar asdistâncias genéticas (JOHNSON & O’BRIEN, 1997;JOHNSON et al., 1998 apud OLIVEIRA & CASSARO,2005). Levando-se em consideração também a filogeniamorfológico-craniana, OLIVEIRA & CASSARO (2005)recomendam que seria mais prudente tratar os membrosda linhagem maracajá como pertencentes ao gêneroLeopardus, até que estudos mais detalhados elucidem essasrelações.
Na linhagem puma, WOZENCRAFT (2005)e EIZIRIK et al. (in prep.), propõem que, além da onçaparda(Puma concolor), também o jaguarundi (Herpailurusyagouaroundi) faça parte do gênero Puma.A maioria dos felídeos selvagens é classificada sobalgum grau de ameaça e algumas espécies são vistas comocriticamente em perigo de extinção. As principais causasdessas ameaças são a redução e a fragmentação de habitat,além de contínua pressão de caça (NOWELL &JACKSON, 1996; BERGALO et al., 2000; MOREIRA,2001; MARGARIDO & BRAGA, 2004; ESPÍRITOSANTO, 2005; MACHADO et al., 2005; OLIVEIRA &CASSARO, 2005; IUCN, 2006).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Puma Concolor






Puma concolor (Linnaeus, 1771) - onça-parda,
puma, suçuarana, onça-vermelha, leão-baio,
leãozinho-da-cara-suja.
É o felídeo de maior área de distribuição no
continente americano, ocorrendo do oeste do Canadá
ao extremo sul do continente sul-americano e por todo
o Brasil (EMMONS & FEER, 1997; MIRANDA, 2003;
OLIVEIRA & CASSARO, 2005; LIM et al., 2006). Está
presente em todos os biomas brasileiros (Amazônia,
Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Campos
Sulinos) e possui adaptação a diversos tipos de ambientes
e climas, de desertos quentes aos altiplanos andinos e
florestas tropicais e temperadas, tanto em áreas de
vegetação primária quanto secundária (CÂMARA &
MURTA, 2003; MIRANDA, 2003; SILVA et al., 2004;
OLIVEIRA & CASSARO, 2005).
É a segunda maior espécie de felídeo no Brasil,
com comprimento total variando de 155,4 a 169,9 cm e
peso de 22,0 a 70,0 kg. A pelagem é uniforme de
coloração parda, com exceção do peito mais claro. É
um animal de conformação delicada e alongada, o que
lhe dá muita agilidade, sendo capaz de saltar do chão a
alturas superiores a 5,0 m (VIEIRA, 1946; MIRANDA,
2003; MARGARIDO & BRAGA, 2004; ROCHA et al.,
2004a; OLIVEIRA & CASSARO, 2005). Fórmula
dentária: i 3/3; c 1/1; pm 3/3; m 1/1 = 30.
Possui hábitos solitários e terrestres, com
atividade predominantemente noturna. Em geral, sua
dieta é composta basicamente por mamíferos de médio
porte com peso médio de 18,0 kg, como porcos-domato
(Tayassu pecari e Pecary tajacu), veados (Mazama spp.
e outros), paca (Cuniculus paca), quati (Nasua nasua) e
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris). Entretanto, presas
menores podem também ser consumidas, como
pequenos mamíferos, aves, répteis, peixes e invertebrados
(EMMONS, 1987; OLMOS, 1993; ROMO, 1995;
ARANDA & SÁNCHEZ-COEDERO, 1996; FACURE
& GIARETTA, 1996; GUIX, 1997, TABER, et al. 1997;
NUÑEZ et al., 2000; CRAWSHAW & QUIGLEY, 2002;
LEITE & GALVÃO, 2002; ROCHA-MENDES, 2005).
Quando abate um animal grande que não consegue
comer totalmente no mesmo dia, cobre o restante com
folhas e galhos para voltar a alimentar-se da mesma
carcaça nos dias subseqüentes (EMMONS & FEER,
1997; CÂMARA & MURTA, 2003; MIRANDA, 2003;
MARGARIDO & BRAGA, 2004; OLIVEIRA &
CASSARO, 2005). O período de gestação dura de 84 a
98 dias, nascendo de um a seis filhotes de coloração
clara e com manchas escuras e conspícuas, que
desaparecem com seu crescimento, entre seis a dez meses
de idade (FONSECA et al., 1994; OLIVEIRA &
CASSARO, 2005).











A caça e a alteração de seus habitats, com
conseqüente redução da disponibilidade de presas, são
as principais ameaças à sobrevivência da onça-parda
(INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003; MARGARIDO &
BRAGA, 2004; OLIVEIRA & CASSARO, 2005). A
espécie é classificada como criticamente em perigo nos
estados de Minas Gerais (MACHADO et al., 1998) e
Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2005), em perigo
no Rio Grande do Sul (INDRUSIAK & EIZIRIK,
2003), vulnerável no Paraná (MARGARIDO & BRAGA,
2004), São Paulo (SÃO PAULO, 1998), Rio de Janeiro
(BERGALO et al., 2000) e na Lista da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção (para as duas subespécies
brasileiras: P. concolor capricornensis Nelson & Goldman,
239
Cheida, C. C. et al. 08 - Ordem Carnivora
1929, e P. c. greeni Nelson & Goldman, 1931)
(MACHADO et al., 2005), quase ameaçada na Lista
Vermelha mundial da IUCN (IUCN, 2006), e citada no
apêndice I da CITES para as subespécies P. c. coryi, P. c.
costaricensis e P. c. couguar (CITES, 2006).